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quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Drogas x esporte: o uso de cocaína provoca efeitos nocivos ao coração.

Estudo recente mostrou que a droga foi responsável por um quarto das internações por ataque cardíaco em pessoas com idade abaixo de 30 anos.

Cocaína cardiologia euatleta (Foto: Getty Images)
Consumo de cocaína provoca efeitos nocivos irreversíveis para o coração (Foto: Getty Images)
Cocaína é velha e conhecida, mas continua preocupante e assustadora. Ainda mais depois da morte de artistas por overdose. Extraída das folhas do arbusto da coca (erythroxylon coca) seu consumo explodiu com o crack. Seus efeitos atingem os sistemas nervoso central e periférico e causam bloqueios celulares no coração, provocando severas arritmias cardíacas. A cocaína é prontamente absorvida pela mucosa do nariz, da boca e dos tratos geniturinário, gastrointestinal e respiratório.

Os sintomas cardiovasculares, particularmente a dor no peito, são frequentes entre os usuários de cocaína que procuram os serviços de emergência. Em tais pacientes, são comuns o infarto do miocárdio, arritmias, a miocardite, dissecção e ruptura aórtica, vasculite e aneurisma de artéria coronária. O uso da cocaína é responsável por cerca de um quarto dosataques cardíacos não fatais em pessoas com idade inferior a 45 anos.
De janeiro de 2001 até dezembro de 2008, foram internados 2.752 pacientes por ataque cardíaco. Deles 56 (11,7%) usavam cocaína. Entre os pacientes menores de 30 anos de idade, 25% admitiram serem usuários e 5,5% na faixa etária 45 até 50 anos

Esse é o resultado de um estudo recente que teve como objetivo principal analisar a prevalência e evolução intra-hospitalar do ataque cardíaco (infarto do miocárdio ouangina instável) associado ao consumo decocaína. Os autores do estudo concluíram que a associação entre cocaína e ataque cardíaco tem aumentado significativamente ao longo dos últimos anos.

De janeiro de 2001 até dezembro de 2008, foram internados 2.752 pacientes por ataque cardíaco. Deles 56 (11,7%) usavam cocaína. Entre os pacientes menores de 30 anos de idade, 25% admitiram serem usuários e 5,5% na faixa etária 45 até 50 anos. Da mesma forma, a prevalência de exames de urina positivos para cocaína foi quatro vezes maior nos pacientes mais jovens (18,2 versus 4,1%).

A associação entre ataque cardíaco e o uso de cocaína foi confirmada em 24 pacientes, ou seja, aqueles que tiveram um teste de urina positivo para cocaína ou que admitiram consumo na internação tiveram maiores taxas de infarto do miocárdio e maior mortalidade intra-hospitalar (8,3 versus 0,8%). Além disso, o ataque cardíaco associado ao uso de cocaína têm maior dano cardíaco e complicações mais frequentes.

OS EFEITOS CARDIOVASCULARES DA COCAÍNA

Taquicardia que é o aumento da frequência cardíaca (pulsação), da pressão arterial e espasmo (estreitamento agudo das artérias coronárias), resultando no aumento do consumo de oxigênio pelo miocárdio e podendo levar ao infarto do miocárdio mesmo jovens, sem aterosclerose (placas de gordura obstrutivas na parede das artérias).

Aproximadamente dois terços dos infartos ocorrem em até três horas após o consumo de cocaína, variando de um minuto à quatro dias, e aproximadamente 25% ocorreram no prazo de 60 minutos.

A miocardite (lesão cardíaca do tipo inflamação do miocárdio) é um achado comum na necropsia de usuários de cocaína. O mecanismo mais provável é uma reação alérgica ou seja reação de hipersensibilidade levando à inflamação dos vasos sanguíneos (vasculite) e miocardite induzida pelo efeito tóxico da adrenalina. Embora potencialmente fatal, a miocardite pode ser totalmente reversível se for identificada no início do processo da doença.

A dilatação da estrutura do coração entre usuários de cocaína, resulta dos efeitos tóxicos diretos sobre o coração, um hiperefeito da adrenalina, induzido pela cocaína
saiba mais

Além de grave potencial de taquicardia, pode causar efeito oposto, a diminuição severa dos batimentos abaixo de 30/min, bradicardia extrema e os bloqueios elétricos do coração (aí é necessário o implante de Marca Passo artificial cardíaco).

O abuso crônico de cocaína pode produzir uma variedade de outras complicações cardíacas, como hipertrofia cardíaca patológica, a endocardite infecciosa entre os usuários por via intravenosa, diminuição da irrigação sanguínea do abdominais.

Colaborou, o Dr. Rui F. Ramos, Chefe da Unidade Coronariana do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia de SP.

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